A depressão afeta milhões de pessoas e tem uma previsão de aumento significativo nos próximos anos. A principal característica, de acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, é a alteração do humor tendo um predomínio de tristeza e diminuição de energia. Como estratégias conhecidas temos a prática da atividade física, dieta balanceada, técnicas de relaxamento, terapia comportamental, bons hábitos de sono e ter uma rotina estabelecida. O tratamento farmacológico também é amplamente utilizado. O uso de antidepressivo com resultado satisfatório atinge cerca de 50% dos pacientes.
Formas alternativas ou adjuvantes naturais tem sido estudada ao longo dos anos. Dentre essas formas encontra-se o magnésio. O magnésio é o segundo mineral mais abundante nas nossas células. É cofator em diversos processos orgânicos. Destacam-se:
– Redução da fadiga e cansaço por participar junto com as enzimas no processo de produção e uso de ATP, contribuindo para o funcionamento do Sistema Nervoso e dos neurotransmissores melhorando a plasticidade sináptica que contribui para a memória e aprendizagem. Baixos níveis de magnésio resultam em hiperexcitabilidade dos nervos podendo alterar os padrões do sono.
– Contribui para a função muscular normal. O processo é semelhante ao que ocorre nos nervos atuando como bloqueador dos canais de cálcio e assim, regulando a contração muscular. A deficiência de magnésio resulta em cãibras e dores musculares severas, como ocorre na fibromialgia.
– Contribui para a manutenção de ossos e dentes normais. 50% do magnésio é encontrado nos ossos. É necessário para a absorção, transporte e metabolismo do cálcio. Tem papel importante no metabolismo ósseo.
– Tem função na divisão celular e os seus níveis baixos estão associados ao aumento do stress oxidativo e a diminuição da proliferação celular. Tem papel importante na síntese de DNA, RNA e estabilização das membranas mitocondriais.
– É comum encontrar deficiência de magnésio no diabetes tipo 2. O magnésio está envolvido na melhora da função das células beta melhorando a capacidade de compensar as variações na sensibilidade à insulina. Tem papel importante no metabolismo da glicose e da insulina
– Contribui para o equilíbrio eletrolítico. Eletrólitos são minerais que possuem uma carga elétrica. Cálcio, magnésio, sódio, potássio, cloro e fosfato são todos eletrólitos. Os níveis de eletrólitos podem ficar muito baixos devido à sudorese, vômito, diarreia ou até mesmo ao excesso de hidratação. O magnésio contribui para regulação desses processos.
Dentre os sintomas mais comuns da deficiência de magnésio temos as dores de cabeça, perda de apetite, incapacidade de pensar de forma mais clara, náuseas e vômitos, arritmias cardíacas, palpitações e dores no corpo.
Estudo publicado na PLOS ONE trouxe resultados da suplementação oral de magnésio por 6 semanas na forma de cloreto de magnésio demonstrando melhora dos sintomas nas pessoas com depressão leve a moderada.
No total participaram do estudo 126 pessoas. 108 participantes completaram todas as 12 semanas do estudo.
Neste estudo randomizado os participantes foram recrutados em um Centro de Atenção Primária e foram divididos em dois períodos. A suplementação ocorreu em um período de seis semanas.
Puderam participar da pesquisa pessoas que tinham idade igual ou superior a 18 anos e que não tiveram nenhuma mudança no plano terapêutico nos últimos dois meses. Foram excluídos do estudo pessoas com diagnostico de esquizofrenia, doença bipolar, delírio, demência, doença renal, miastenia gravis, doença do trato gastrointestinal, grávidas, pré-cirúrgicos e que faziam uso de algum tipo de medicamento que tivesse algum tipo de interação com o magnésio.
A dose do estudo foi de 4 comprimidos de 500mg de cloreto de magnésio por dia.
O resultado foi a melhora dos sintomas da depressão e ansiedade. Em associação também foram apresentados melhora dos quadros de dor de cabeça e cãibras.
A suplementação de magnésio fornece uma abordagem segura, rápida e barata para controlar os sintomas depressivos sendo obtida a melhora dentro de duas semanas do início da suplementação.
Os suplementos de magnésio não vêm com o estigma adicional associado a outras terapias e, embora monitorar a resposta ainda seja importante, o risco de efeitos colaterais não é tão grande quanto comparados com os antidepressivos podendo ser considerado uma terapia alternativa para os pacientes que hesitam em iniciar o tratamento com antidepressivos.
A suplementação diária de quatro comprimidos de 500 mg de cloreto de magnésio por dia leva a uma redução significativa dos sintomas de depressão e ansiedade, independentemente da idade, sexo, gravidade basal da depressão ou uso de medicamentos antidepressivos. Este ensaio de eficácia mostrou que os suplementos de magnésio podem ser uma alternativa rápida, segura e facilmente acessível, ou adjuvante ao tratamento farmacológico com antidepressivos.
De acordo com artigo publicado na revista Port J Nephrol Hypert a melhor forma de suplementação de magnésio em pessoas com cálculos renais é o citrato de magnésio.
Nos alimentos podemos encontrar magnésio principalmente na semente de abóbora, nas castanhas e nozes, farelo de trigo, grão de bico, tofu, semente de girassol dentre outros alimentos.
Um dos principais sinais de ingestão alimentar/suplementação de magnésio em excesso é a presença de diarreia e distúrbios gastrointestinais. Também pode-se observar a presença de tonturas, letargia e fraqueza.
As informações contidas no site são baseadas em artigos científicos e tem caráter educativo. Não pretendem substituir a consulta por profissional da área da saúde.
Fonte: Tarleton EK, Littenberg B, MacLean CD, Kennedy AG, Daley C (2017) Role of magnesium supplementation in the treatment of depression: A randomized clinical trial. PLoS ONE 12(6): e0180067. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0180067
Laranjinha, Ivo & Matias, Patrícia & Dickson, Jorge. (2020). Magnesium supplementation to prevent recurrence of renal stones. Portuguese Journal of Nephrology & Hypertension. 33. 10.32932/pjnh.2020.01.048.