A diferença entre o veneno e o remédio é a dose. Frase dita pelo médico e físico suíço Paracelso nos remete a pensar nos excessos. Muitas substâncias que nos fazem bem em determinada dose tem um efeito oposto no consumo elevado.
O café, uma das maiores paixões do brasileiro, é consumida diariamente. A cafeína é um estimulante do sistema nervoso central e o seu uso regular traz muitos benefícios. As concentrações maiores de cafeína se encontram no café torrado e moído quando comparado ao café instantâneo. Uma xicara tem em média 150ml de café. Cada xicara de café torrado, tem em média, 80mg de cafeína e o café instantâneo, 71mg.
O consumo de cafeína tem três classificações. No consumo baixo o teor de cafeína é inferior a 200mg/dia. O consumo moderado é de 200 – 400mg/dia e o consumo elevado acima de 400mg/dia. Em geral a cafeína é consumida com doses abaixo de 300mg/dia que equivaleria de 3 a 4 xicaras de café por dia.
Foi comprovado que o consumo do café traz vários benefícios. Revisão de literatura publicada pela revista Medicinal & Aromatic Plants demonstrou que o consumo do café melhora o desempenho físico, auxilia na queima de gordura, reduz risco de acidente vascular cerebral, reduz incidência de câncer colorretal, doença de Parkinson, risco de desenvolver diabetes tipo II, melhora humor, combate depressão, diminui risco de suicídio, dentre outros benefícios.
Mas em contrapartida também informa que alguns estudos mais recentes enfatizam que o consumo acima de 4 xicaras por dia está associado a morte prematura, aumento da pressão arterial em indivíduos hipertensos, redução da fertilidade em homens e mulheres, piora dos quadros de ansiedade e depressão, insônia, abortos e risco de desenvolver demência.
Estudo recente publicado pela Nutritional Neuroscience abordou o assunto e fez uma análise prospectiva em consumidores habituais de café na Inglaterra. Fizeram parte 398.646 participantes com idade entre 37 a 73 anos. Destes 17.702 haviam realizado ressonância magnética. A principal questão examinada foi o volume cerebral e o risco de demência e acidente vascular cerebral, mais conhecido como derrame.
A análise levou em consideração o volume total de cérebro, substância cinzenta, substância branca e volumes do hipocampo. O resultado encontrado foi que o consumo acima de 6 xícaras/dia foi associado a 53% de chance de desenvolver demência quando comparado às pessoas que consumiam de 1 à 2 xícaras de café por dia. A conclusão foi de que o alto consumo de café foi associada a volume cerebral total menor e maior risco de desenvolver demência.
E se for associado ao cafezinho o uso de um adoçante artificial? O risco aumenta ainda mais. Artigo publicado na revista Stroke estudou 2.888 pessoas com idade acima de 45 anos para risco de acidente vascular cerebral e 1.484 pessoas acima de 60 anos para risco de desenvolvimento de demência. O estudo durou 10 anos e estava direcionado ao processo de adição de açúcar ou adoçantes artificiais nos refrigerantes e o desenvolvimento de demência ou ocorrência de acidentes vasculares cerebrais. A conclusão foi que o consumo de refrigerantes adoçados artificialmente foi associado a um maior risco de AVC e demência. Os mesmos dados não foram encontrados no consumo de refrigerantes adoçados naturalmente.
Portanto, o nosso cafezinho tem lugar reservado na mesa. Mas a moderação no consumo deve ser levada em consideração quando queremos ter uma vida com qualidade.
As informações contidas no site são baseadas em artigos científicos e não pretendem substituir a consulta por profissional da área da saúde.
Fontes:
Kitty Pham, Anwar Mulugeta, Ang Zhou, John T. O’Brien, David J. Llewellyn & Elina Hyppönen (2021) High coffee consumption, brain volume and risk of dementia and stroke, Nutritional Neuroscience, DOI: 10.1080/1028415X.2021.1945858
Wachamo HL (2017) Review on Health Benefit and Risk of Coffee Consumption. Med Aromat Plants 6: 301. doi: 10.4172/2167-0412.1000301
Sugar- and Artificially Sweetened Beverages and the Risks of Incident Stroke and Dementia. https://doi.org/10.1161/STROKEAHA.116.016027. Stroke. 2017;48:1139–1146
Eu ressabio que o meu consumo de café está entre moderado e alto. Eu acho que…..hum…esqueci, caramba, falávamos sobre o quê mesmo? Hum…esqueci…, mas estava aqui na ponta da língua.
Essa é uma boa análise para verificar se o consumo está alto ou não. Ótima colocação!
Obrigada Jorge pela contribuição.