Pesquisa realizada no Reino Unido e publicada pela revista Molecular Psychiatry com 367 mil participantes teve como objetivo avaliar a relação entre a depressão e doença cardíaca coronariana e a associação a fatores genéticos e/ou ambientais.
Nos países desenvolvidos a doença coronariana e a depressão são responsáveis pela incapacidade de muitos indivíduos. Uma doença está intimamente ligada a outra. A depressão está associada a um aumento de risco de doença coronariana e vice-versa.
Ficou demonstrado que o individuo que tem história familiar de doença coronariana apresenta um aumento de 20% no risco de apresentar depressão. Mas os números mais expressivos estão relacionados a fatores ambientais dentre eles triglicérides e marcadores inflamatórios como interleucina-6 e PCR.
A descoberta dos fatores de risco comuns as duas doenças são importantes para traçar uma estratégia para prevenção primária e secundaria e com isso diminuir as taxas de mortalidade e diminuir os prejuízos na qualidade de vida das pessoas.
Dos 500 mil participantes foram selecionados 367 mil sendo levados em consideração etnia, variações genéticas, histórico de depressão, presença de diabetes, hipertensão, IMC e fumo.
A análise randomizada sinalizou os fatores de risco para doença coronariana como circunferência abdominal, pressão sanguínea sistólica e diastólica, LDL, HDL, triglicérides, marcadores inflamatórios como interleucina 1 e 6, fibrinogênio, TNF-alfa, PCR, molécula de adesão intercelular (ICAM 1) e P Selectina.
Como resultado foi encontrado que a história familiar de doença cardíaca está associada depressão moderada/grave ao longo da vida. Os triglicérides e os marcadores inflamatórios também estão associados ao aparecido de depressão e doença coronariana.
O marcador inflamatório Interleucina 6 está ligado ao aparecimento de doenças cardíacas e depressão. Quando se trata a inflamação consequentemente está se tratando também os níveis de triglicérides e com isso diminui o risco de desenvolver a doença coronariana e também a depressão.
Níveis aumentados de triglicérides e Interleucina 6 na infância estão associados ao aumento do risco de depressão no adulto jovem. Por outro lado, o colesterol baixo em indivíduos de meia de idade em resposta a dieta ou uso de medicação leva a uma diminuição da doença coronariana, mas por outro lado leva a um aumento nas mortes por violência ou suicídio. Essa questão foi explicada associando que esses valores baixos estariam afetando a neurotransmissão de serotonina pela diminuição nos seus receptores levando a alterações no comportamento.
As respostas cerebrais à inflamação envolvem sistemas neurais para controle motivacional e são expressas pelo estado de humor e mudanças na regulação cardiovascular autônoma. Modificações no estilo de vida com o objetivo de diminuir os fatores de risco inflamatórios como sedentarismo, obesidade, tabagismo e uso de álcool podem diminuir os riscos para desenvolvimento de doença cardíaca coronariana, assim como a depressão.
A inflamação está associada a resistência aos antidepressivos e para tanto, a indicação de anti-inflamatórios são considerados para indivíduos com depressão que apresentam sinais de ativação imunológica. As drogas que inibem a sinalização da interleucina e TNF-alfa também melhoram os sintomas depressivos nos pacientes com doença inflamatória crônica.
É importante enfatizar que mudanças no estilo de vida são fundamentais para prevenir tanto a depressão quanto a doença coronariana, pois as duas estão intimamente ligadas.
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Fonte: Khandaker, G.M., Zuber, V., Rees, J.M.B. et al. Shared mechanisms between coronary heart disease and depression: findings from a large UK general population-based cohort. Mol Psychiatry 25, 1477–1486 (2020). https://doi.org/10.1038/s41380-019-0395-3