Os xenobióticos são compostos químicos produzidos pela indústria ou pela natureza por alguns vegetais e fungos e quando disponibilizados entram em contato com o corpo humano causando uma desregulação endócrina que pode levar ao desenvolvimento de obesidade, hipertensão, câncer. Os mais conhecidos são os pesticidas agrícolas, inseticidas, plásticos, produtos de limpeza, higiene pessoal, maquiagem e fármacos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria a exposição aos xenobióticos nas crianças podem levar a puberdade precoce e alteração no crescimento ósseo. Essa toxicidade leva a produção de radicais livres e stress oxidativo levando a uma inflamação no organismo e tendo como resultado dessa inflamação o desenvolvimento de diversas doenças.
A recomendação da SBE para os pais é que se atentem à legumes de tamanho maior do que usual, pois podem ser resultado de adubação e estimulantes artificiais. Evitar produtos industrializados devido a utilização de corantes, aditivos e conservantes no processo de produção. De preferência descascar as frutas em razão de haver um acúmulo de pesticidas nas cascas. No mesmo sentido quando for preparar uma carne tirar a pele e as gorduras onde ficam acumulados grande parte dos resíduos químicos. Evitar comprar alimentos embalados em plásticos ou consumir alimentos quentes em copos plásticos.
A Academia Americana de Pediatria também mostrou essa preocupação em relação às crianças e o seu desenvolvimento. Reforçam a preocupação com o uso de recipientes plásticos usados no armazenamento dos alimentos e o consumo de carne processada, pois utilizam nitratos e nitritos como conservantes. Como os sistemas metabólicos e os sistemas de órgãos-chave estão se desenvolvendo a utilização desses produtos podem levar a alterações duradouras ou definitivas.
O aumento da obesidade infantil, a prevalência de transtornos do desenvolvimento, diabetes 1 e 2 estão dentro do radar e relacionados a esses disruptores endócrinos. Os pediatras recomendam priorizar o consumo de verduras e frutas frescas, evitar carnes processadas, uso de micro-ondas e trocar recipientes de plástico por vidro ou aço inoxidável.
Um estudo publicado pela Environmental Research and Public Health demonstrou que a exposição aos disruptores endócrinos, mesmo em doses baixas pode impactar o sistema endócrino através dos eixos hipotálamo-hipófise-gônada, tireoide, adrenal, alterações genéticas e/ou epigenéticas, estresse oxidativo, citocinas inflamatórias, contribuindo para o desenvolvimento de muitas doenças incluindo obesidade e afetando de forma decisiva a morbimortalidade.
A exposição ocorre por vários caminhos. Dentre eles a via placentária, secreção de leite materno, inalação, ingestão e absorção transdérmica. Essa exposição modifica o metabolismo e o equilíbrio do hormônio esteroide, alterando a síntese ou quebra da testosterona, hormônio folículo estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH), dentre outros hormônios podendo levar a mudanças sutis na expressão gênica, tecido ou outros níveis de organização biológica que levam à disfunção permanente, resultando em maior suscetibilidade à obesidade e outras doenças crônicas relacionadas, como diabetes, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares, esteatose hepática, vários tipos de câncer e infertilidade.
Um guia publicado pela Endocrine Society mostra os principais alvos da ação desses disruptores endócrinos e quais são os mais prevalentes no nosso cotidiano. Dentre os pontos de atenção mostra a prevalência dos transtornos neuropsiquiátricos na infância. Nos Estados Unidos uma em cada seis crianças é diagnosticada com pelo menos um distúrbio. Dentre eles transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e Transtorno do Espectro do Autismo (ASD), bem como a depressão, transtornos de humor, dificuldades de aprendizagem, déficits de ordem executiva e transtornos de conduta.
A reprodução humana também foi afetada em razão da exposição aos disruptores. Problemas de fertilidade, baixa contagem de espermatozoides, malformação genital, presença de miomas uterinos, disfunção ovariana e subfertilidade foram fatores encontrados.
É importante destacar que é praticamente impossível eliminar todos os disruptores endócrinos existentes, mas a orientação é procurar minimizar, diminuir a exposição a esses agentes dentro da realidade e rotina de cada pessoa.
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